Os Trabalhadores da Última Hora - Itens 1,2 e 3
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1. O reino dos Céus é semelhante a um pai de família que, ao romper do dia, saiu a fim de contratar trabalhadores para sua vinha; tendo combinado com os trabalhadores que eles teriam uma moeda por sua jornada de trabalho, enviou-os à vinha. Saiu ainda na terceira hora do dia e, tendo visto outros que permaneciam na praça sem nada fazer, lhes disse: Ide também vós outros à minha vinha, e vos darei o que for razoável; e eles para lá se foram. Saiu ainda na sexta e na nona hora do dia, fez a mesma coisa. E saindo na décima primeira hora, encontrou outros que estavam sem nada fazer, aos quais disse: Por que permaneceis aí durante todo o dia sem trabalhar? Foi porque ninguém nos contratou, disseram. Ele lhes disse: Ide também vós outros para minha vinha. No fim da tarde, o senhor da vinha disse àquele que tomava conta de seus negócios: Chamai os trabalhadores e pagai-lhes, começando pelos últimos até os primeiros. Aqueles, pois, que vieram para a vinha apenas na décima primeira hora, aproximando-se, receberam uma moeda cada um. Os que foram assalariados primeiro, vindo por sua vez, julgaram que deveriam receber mais, mas não receberam mais que uma moeda cada um; ao recebê-la, se queixavam contra o pai de família, dizendo: os últimos trabalharam apenas uma hora e pagaste tanto quanto a nós, que suportamos o peso do dia e do calor. Mas, como resposta, o senhor disse a um deles: meu amigo, não cometi injustiça para convosco; não combinamos receberdes uma moeda por vossa jornada? Tomai o que vos pertence e ide; quanto a mim, quero dar a este último tanto quanto dei a vós. Não me é permitido fazer o que quero? Vosso olho é mau porque sou bom? Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos. (São Mateus, 20:1-16. Ver também: parábola do festim de núpcias,18:1).
* * A pergunta de Jesus aos fariseus: O vosso olho é mau porque eu sou bom? retrata a cultura do egoísmo em sua face moral da inveja, como aquela expressa no conto moral da raposa que não reconhece as uvas maduras por não poder alcançá-las. Na cultura espírita aprendemos que os olhos fotografam a realidade a partir dos valores da própria alma. Instruções dos Espíritos Os Últimos Serão os Primeiros Constantin, Espírito Protetor Bordeaux, 1863
2. O operário da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o coloque à disposição do senhor que devia empregá-lo, e que esse atraso não seja fruto de sua preguiça ou de ou de sua má vontade.
* * O direito do trabalhador da última hora ao seu salário está em uma disposição interna de entrega a Deus e de modesta espera do chamado, que se faz através de convites para assistir aos aflitos, levar-lhes a Palavra! Que o espírito examine seu coração para sentir se o encontra em impaciente espera do chamado! Como um bom jardineiro, que ele cuide de ceifar as ervas daninhas nos campos da alma a esmagarem as flores frágeis da Caridade ou do Amor: A Doutrina Espírita adverte os seus adeptos para que não desperdicem o tempo, dediquem-no às obras, pois as horas, no tempo da existência, por mais longas que nos pareçam, não são mais que um segundo na eternidade. Tem direito ao salário, porque desde o amanhecer esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para a obra; era trabalhador, apenas o trabalho lhe faltava. Se, porém, houvesse recusado o trabalho a qualquer hora do dia, se houvesse dito: “Paciência, o repouso me é agradável e quando soar a última hora, é que será tempo de pensar no salário do dia; que necessidade tenho de me incomodar por um senhor a quem não conheço e não amo! quanto mais tarde, melhor”; essa criatura, meus amigos, não encontrou o salário do operário, mas o da preguiça. Que dizer, então, daquele que, em vez de ficar simplesmente inativo, haja empregado as horas destinadas ao labor diário para cometer atos condenáveis; que haja blasfemado contra Deus, derramado sangue de seus irmãos, lançado a perturbação nas famílias, arruinado homens que nele confiavam, abusado da inocência; que, enfim, se haja deleitado com todas as ignomínias da humanidade? Que será dessa criatura? Bastará dizer à última hora: Senhor, empreguei mal meu tempo; recebei-me até o fim do dia, para que eu faça um pouco, embora bem pouco, da minha tarefa, e dá-me o salário do trabalhador de boa vontade? Não, não; o senhor lhe dirá: Não tenho trabalho para te dar no momento; desperdiçaste o teu tempo; esqueceste o que havias aprendido; já não sabes mais trabalhar na minha vinha. Recomeça, a aprender e, quando estiveres mais disposto, vem ter comigo e eu te abrirei o meu vasto campo, onde poderás trabalhar a qualquer hora do dia. Bons espíritas, meus bem amados, sois todos trabalhadores da última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o trabalho ao alvorecer e somente parei ao anoitecer. Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação; mas há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha sem que tenhais querido entrar! Aqui estais vós, no momento de receber vosso salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais jamais que vossa existência, tão longa vos possa parecer, não é senão um momento bem fugidio na imensidade dos tempos que formam para vós a eternidade. Henri Heine Paris, 1863 3. Jesus gostava da simplicidade dos símbolos e, em sua linguagem vigorosa, os operários que chegaram na primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciados que marcaram as etapas do progresso, as quais continuaram através dos séculos pelos apóstolos, pelos mártires, pelos padres da Igreja, pelos sábios, pelos filósofos e, finalmente, pelos espíritas. Estes, os últimos a chegarem, foram anunciados e previstos desde a aurora do Messias e receberão a mesma recompensa. Que digo eu? Uma recompensa maior. Últimos a chegarem, os espíritas aproveitam do trabalho intelectual de seus antecessores, pois o homem deve herdar do homem e porque seu trabalho e seus resultados são coletivos: Deus abençoa a solidariedade.
* * Todo “bom” espírita é trabalhador da última hora. A arte espírita de ser identifica os diversos trabalhadores da Vinha de Deus: os da primeira hora (os profetas, Moisés), os da segunda (os primeiros mártires, os apóstolos, os pais da Igreja, os sábios, os filósofos), e os da terceira hora (os espíritas)! Esta condição do trabalhador espírita, a de ser um simples herdeiro de valiosos antepassados, lhe é uma espécie de alavanca de auxílio na aquisição das virtudes excelsas. O espírita tem a felicidade de receber essa herança cristã. Muitos entre eles, aliás, revivem hoje ou reviverão amanhã, para acabar a obra começada outrora; mais de um patriarca, mais de um profeta, mais de um discípulo do Cristo, mais de um propagador da fé cristã se encontram no meio deles, porém, mais esclarecidos e mais adiantados, trabalhando, não mais na base, mas sim no coroamento do edifício. Receberão, pois, seus salários proporcionado ao mérito da obra. A reencarnação, este belo dogma, eterniza e precisa a filiação espiritual. O Espírito, chamado a prestar contas de seu mandato terreno, compreende a continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada. Ele vê, sente que captou, de passagem, o pensamento daqueles que o antecederam; entra na liça, amadurecido pela experiência, para avançar mais ainda; e todos, trabalhadores da primeira e da última hora, olhos fixos na profunda justiça de Deus, não mais murmuram e adoram. Este é um dos verdadeiros sentidos desta parábola que contém, como todas aquelas que Jesus endereçou ao povo, o gérmen do futuro e também, sob todas as formas, sob todas as imagens, a revelação desta magnífica unidade que harmoniza todas as coisas do Universo, dessa solidariedade que religa todos os seres presentes ao passado e ao futuro.
“O grande antídoto para todos os males é o amor que doa e não se preocupa em receber nem mesmo um sorriso do beneficiário.
” (Bezerra de Menezes pela psicografia do médium Divaldo)
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