Amai os vossos inimigos Itens 1,2 e 3
Pagar o Mal com o Bem
1. Aprendestes o que foi dito: Amareis vosso próximo e odiareis vossos inimigos.
E eu vos digo: Amai vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e rogai por aqueles que vos perseguem e vos caluniam; a fim de que sejais filhos de vosso Pai que está nos céus, que faz elevar o sol sobre os bons e sobre os maus e faz chover sobre os justos e os injustos; pois se não amardes senão os que vos amam, qual será a recompensa que tereis? Os Publicanos não fazem assim também? E se não cumprimentardes senão vossos irmãos, que fazeis além do que os outros? Os pagãos não fazem assim também? Digo-vos que se vossa justiça não for maior que a dos fariseus e escribas, não entrareis no Reino dos céus. (São Mateus 5: 20,43-47). * *
A prédica do amor aos inimigos é uma das colunas mestra do corpo doutrinário cristão, pois nesse amor encontra-se a misericórdia e, na misericórdia, atributo divino, temos nossa semelhança com as virtudes teologais que, por sua, nos aproximam da divindade e nos elevam aos lugares altos da vida espiritual.
2. Se vós não amais senão aqueles que vos amam, que recompensa tereis, uma vez que as pessoas de má índole também amam àqueles que as amam? E se não fazeis o bem senão àqueles que vos fazem, que recompensa tereis, uma vez que as pessoas de má vida fazem a mesma coisa? E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber a mesma graça, que recompensa tereis, uma vez que as pessoas de má vida também se emprestam mutuamente para receber a mesma vantagem? Mas quanto a vós, amai vossos inimigos, fazei o bem a todos e emprestai sem nada esperar e, então, vossa recompensa será bem maior e sereis filhos do Altíssimo, pois Ele é bom aos ingratos e mesmo aos maus. Sede, portanto, cheios de misericórdia, como vosso Deus é cheio de misericórdia. (São Lucas, 6: 32-36).
3. Se o amor ao próximo é o princípio da caridade, amar os inimigos é a sua sublime aplicação, pois essa virtude é uma das maiores vitórias contra o egoísmo e o orgulho. * * Com o acréscimo contemporâneo das ciências, filhas do progresso cultural da humanidade, a Teologia Espírita, corpo de fé, enfrenta a razão face a face, sem precisar esconder-se e sem nenhum temor; ao contrário, com o vigor intelectual que sua face científica lhe outorga. A Doutrina Espírita encontra na Física, por exemplo, em um de seus enunciados, o fundamento teologal para o crente permanecer no amor e, principalmente, no amor ao inimigo. Trata-se da Teoria de Campos : Se não amar a todos, incluindo aos inimigos, participará do campo do desamor; participar deste campo é tecer ruptura com o campo do amor. Nesta teoria de campos não há desvalorização das pequenas ações, porque ela desvela que o todo e a parte são um só corpo; há, sim, valorização das pequenas ações... O pequeno bem compõe o grande bem e o pequeno mal, o grande mal.
A Doutrina Espírita, portanto, cria o mecanismo das pequenas transformações para alcançar as grandes transformações, a mudança interior para alcançar a exterior, pois os ensinos trazidos pela Física demonstram que na gota paira o oceano e, nele, a gota. No entanto, interpreta-se geralmente mal o sentido da palavra amar, nesta circunstância; Jesus não quis dizer, por estas palavras, que se deve ter pelos inimigos a mesma ternura que se dispensa a um irmão ou amigo; a ternura supõe confiança; ora, não se pode confiar em alguém sabendo que este lhe quer mal; não se pode ter para com ele as mesmas demonstrações de amizade, sabendo-o capaz de abusar dessa situação; entre pessoas que desconfiam uma das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas idéias. Enfim, não se pode sentir, em se estando com o inimigo, o mesmo prazer quando se está em companhia de um amigo. * *
A lei de emissão e repulsão de fluídos, por exemplo, explica a permuta e os estados emocionais penosos que a aproximação de um inimigo ocasiona.
Uma emissão de energia contrária lhe é percebida pelos campos sensíveis e lhe são sinais de envolvimento inferiorizante.
Mecanismos de amparo socorristas são disparados, de imediato, através da prece e da atitude interior de compaixão, misericórdia, expressões da grandeza da alma. O fiel, pode, assim, dizer: Pai, perdoai-os, não sabem o que fazem! E, entrar assim, nos campos crísticos. Essa diversidade de sentimento resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O mau pensamento determina uma corrente fluídica cuja impressão é penosa; o pensamento benevolente vos envolve em um eflúvio agradável; daí vem a diferença de sensações que provamos entre a aproximação de um amigo e a de um inimigo. Amar os inimigos não pode, portanto, significar que não devemos fazer nenhuma diferença entre eles e os amigos; este princípio parece difícil, e mesmo impossível de praticar, por que se acredita, erroneamente, que se deve dar aos inimigos o mesmo lugar no coração. Se a pobreza das linguagens humanas obriga a nos servirmos da mesma palavra para exprimir diferentes matizes de um sentimento, à razão cabe estabelecer a distinção de cada caso. Amar os inimigos, não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, pois o contato com um inimigo nos faz bater o coração de forma totalmente diferente do seu bater ao contato de um amigo; é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; é lhes perdoar, sem segundas intenções e incondicionalmente, o mal que nos fazem; é não colocar nenhum obstáculo à reconciliação; é desejar-lhes o bem em vez do mal; é regozijar-se ao invés de ficar aflito com o bem que receberam; é estender-lhes uma mão em socorro quando tiverem necessidade; é abster-se, em palavras e ações de tudo que possa prejudicá-los; é enfim, em tudo responder o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-los.
Quem assim fizer cumpre plenamente as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.
“ Mencionamos, com muita frequência, que os inimigos exteriores são os piores expoentes de perturbação que operam em nosso prejuízo. Urge, porém, olhar para dentro de nós, de modo a descobrir que os adversários mais difíceis são aqueles de que não nos podemos afastar facilmente, por se nos alojarem no cerne da própria alma.
” (Emmanuel- FCX- Livro: Alma e coração - INIMIGOS OCULTOS)
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