Bem Aventurados os que Tem Puro o Coração Instruções dos Espíritos Itens 20 e 21
Vianney, Cura D’Ars Paris,1863
20. Meus bons amigos, me chamastes, para quê? É para que eu faça a imposição das mãos sobre esta pobre sofredora que aqui está e curá-la? E que sofrimento, meu Deus! Ela perdeu a vista e tudo é trevas para ela.
* * Uma das mais belas mensagens da Nova Espírita.
As palavras consoladoras derramam-se com entusiasmo. O símbolo dos cegos dos olhos físicos se transporta para os cegos da alma. Bem aventurado o cego que quer viver com Deus. O olho aberto está sempre pronto a fazer cair. Advertências da Teologia Espírita que traz no seu corpo doutrinário esta inversão de valores, devolvendo o homem à sua realidade espiritual. Pobre criança! Que ore e mantenha acesa a chama da esperança. Não sei fazer milagres sem a vontade de Deus. Todas as curas que eu pude fazer e que vos foram contadas, atribuí àquele que é o Pai de todos nós. Em vossas aflições, olhai sempre para o céu e dizei do fundo do coração: “Meu Pai, curai-me, mas fazei que Minh 'alma doente seja curada antes das enfermidades de meu corpo; que minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve até Vós com a brancura que ela tinha quando me criastes”. * * Com o paradigma da vida em Espírito podemos acolher o ensino de Vianney, quando aconselha olhar para o céu durante as aflições. Após esta prece, meus bons amigos, que o bom Deus sempre ouvirá, a força e a coragem serão dadas e, talvez, também esta cura que pedistes apenas timidamente, em recompensa de vossa abnegação. Contudo, uma vez que aqui estou, em assembleia que trata antes de tudo de estudos, eu vos direi que aqueles que são privados da visão deveriam se considerar os bem aventurados da expiação. Lembrai que o Cristo disse que era preciso arrancar vosso olho se ele fosse mau e que valia mais a pena lançálo ao fogo do que ser motivo de vossa perdição. Ah! quantos há no mundo que um dia, nas trevas, amaldiçoarão terem visto a luz! Sim, como são felizes aqueles que, na expiação, foram golpeados pela visão! Seu olho não será motivo de escândalo e de queda. Podem viver inteiramente a vida das almas. Podem ver mais do que vós que tendes clara a visão. Quando Deus me permite ir abrir as pálpebras de algum desses pobres sofredores e de lhes devolver a luz, digo para mim mesmo: Alma querida, por que não conheces todas as delícias do Espírito que vive de contemplação e de amor? Não pedirias para ver as imagens menos puras e menos suaves que aqueles que te são possíveis de entrever em tua cegueira. Sim, bem aventurado o cego que quer viver com Deus, mais feliz do que vós que estais aqui, ele sente a felicidade, ele toca, vê as almas e pode alçar-se com elas às esferas espirituais que mesmo os predestinados da Terra não podem ver. O olho aberto está sempre pronto a fazer cair a alma; o olho fechado, ao contrário, está sempre pronto a fazê-la subir para Deus. Crede-me, meus bons e caros amigos, a cegueira dos olhos é, amiúde, a verdadeira luz do coração, enquanto que a vista é, muitas vezes, o anjo tenebroso que conduz à morte. E agora, algumas palavras para ti, minha pobre sofredora: tenha esperança e seja corajosa! Se eu te dissesse: Minha criança, teus olhos vão abrir, como ficarias contente! E quem diria se esta alegria não seria a tua perdição? Confia no bom Deus que fez a felicidade e permite a tristeza! Farei tudo o que me é permitido por ti; mas, por teu lado, ora e, sobretudo, pensa no que acabo de te dizer. Antes que me vá, vós que estais aqui, recebei minha bênção.
21. Nota. Quando uma aflição não é uma consequência dos atos da vida presente, é preciso procurar a causa numa vida anterior. O que chamamos de caprichos da vida, não é outra coisa senão os efeitos da justiça de Deus. Deus não inflige punições arbitrárias, pois quer sempre que entre a falta e a pena exista correlação. Se, por sua bondade, Ele lançou um véu sobre nossos atos passados, por outro, nos aponta o caminho dizendo: “Quem matou pela espada, perecerá pela espada”; palavras que podem se traduzir assim: “ A criatura é sempre punida por aquilo em que pecou”. Portanto, se alguém está aflito por ter perdido a visão é porque esta lhe foi um motivo de queda. Talvez essa criatura tenha causado a perda da vista de outrem; talvez ela tenha levado alguém à cegueira devido ao excesso de trabalho que lhe impôs, ou como consequência de maus tratos, de falta de cuidado etc., de forma que ele sofre agora a pena de talião. Ele mesmo, em seu arrependimento, pôde escolher esta expiação, aplicando a si esta palavra de Jesus: “ Se o vosso olho é motivo de escândalo, arrancai-o. ”
“... peçamos ao Senhor nos sustente as forças na desincumbência dos compromissos assumidos e prossigamos adiante, no campo de nossas abençoadas lutas, na certeza de que o Divino Benfeitor jamais nos abandona.”
(Bezerra de Menezes - CONFIANDO SEMPRE - Livro “BEZERRA, CHICO E VOCÊ” - Chico Xavier )
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